Fonte:ISTOÉ | Por Clyde Russell
Data: 23/08/2021 (leia na íntegra)
LAUNCESTON, Austrália (Reuters) – O rápido recuo do minério de ferro nas últimas semanas mostra mais uma vez que as retrações de preços podem ser tão desordenadas quanto as exuberantes altas, antes que os fundamentos de oferta e demanda se reafirmem.
Dependendo do parâmetro utilizado para o ingrediente siderúrgico, o preço caiu entre 32,1% e 44% desde a máxima histórica de 12 de maio deste ano.
O aumento para o recorde teve impulsionadores fundamentais, como restrições de oferta nos principais exportadores Austrália e Brasil e a forte demanda da China, que compra cerca de 70% do minério de ferro transoceânico global.
Mas um salto de 51% no preço à vista do minério de ferro para entrega ao norte da China, conforme avaliado pela agência Argus, em apenas sete semanas –de 23 de março para uma máxima recorde de 235,55 dólares a tonelada em 12 de maio–, foi além do que os fundamentos do mercado justificavam.
A velocidade da queda subsequente de 44% para uma mínima recente de 131,80 dólares a tonelada no preço à vista também provavelmente não é justificada pelos fundamentos, mesmo que a tendência de preços mais baixos seja inteiramente razoável.
O fornecimento da Austrália tem se mantido estável à medida que o impacto de interrupções climáticas anteriores diminuiu, enquanto os embarques do Brasil estão começando a aumentar conforme a produção do país se recupera dos efeitos da pandemia de coronavírus.
A Austrália está a caminho de embarcar 74,04 milhões de toneladas em agosto, de acordo com dados dos analistas de commodities Kpler, acima dos 72,48 milhões de julho, mas abaixo da máxima em seis meses de 78,53 milhões em junho.
O Brasil tem previsão de exportar 30,70 milhões de toneladas em agosto, ante 30,43 milhões em julho e em linha com as 30,72 milhões de junho, de acordo com a Kpler.
É importante notar que as exportações do Brasil se recuperaram do início deste ano, quando ficaram abaixo de 30 milhões de toneladas por mês de janeiro a maio.
O quadro de melhoria da oferta está se refletindo nos números de importação da China, com Kpler esperando 113,94 milhões de toneladas para chegar ao país em agosto, o que seria um recorde, superando os 112,65 milhões relatados pela alfândega da China em julho do ano passado.
A Refinitiv está ainda mais otimista com as importações da China em agosto, estimando que 115,98 milhões de toneladas chegarão no mês, um aumento de 31% em relação à cifra oficial de 88,51 milhões de julho.
Os números compilados por consultores como Kpler e Refinitiv não se alinham exatamente com os dados alfandegários, dadas as diferenças de quando as cargas são avaliadas como tendo sido descarregadas e desembaraçadas pela alfândega, mas as disparidades tendem a ser pequenas.