Fonte: G1_Minas (BH)   |   Por Thais Pimentel

 

“Nós abrimos quatro mil vagas no ano passado”, disse o prefeito de Itabirito, na Região Central de Minas Gerais, Orlando Caldeira (Cidadania). A cidade – que tem pouco mais de 52 mil pessoas, segundo estimativa do IBGE – teve uma variação de empregos oito vezes maior que a do Brasil nos últimos 12 meses.

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), enquanto o país teve variação positiva na criação de empregos de 2,18% no período, Itabirito apresentou índice de 16,70%.

Assim como Itabirito, outras cidades mineradoras de Minas Gerais também têm colhido os frutos do aumento no preço do minério de ferro e da alta do dólar (veja no gráfico abaixo).

Em abril deste ano, a tonelada da commodity com teor de 62% de ferro avançou 4,3%, alcançando US$ 189,61, o maior nível desde fevereiro de 2011. No acumulado de 2021, os ganhos chegam a 18,2%. O preço do minério com 65% de pureza avançou US$ 6,50, para US$ 222,80 por tonelada.

Os municípios que têm exploração mineral recebem das mineradoras 60% da Compensação Financeira pela

Exploração de Recursos Minerais (Cfem), que é atrelada ao preço do minério de ferro. Com isso, o orçamento destas cidades aumentou. Os outros 40% da CFEM são   distribuídos   para estado e União.

A CFEM não pode ser usada em folha de pagamento, mas é fundamental nos investimentos em educação, saúde e infraestrutura destas cidades.

“O  aquecimento da  commodity, com  a  volta da demanda da China, aumentou a arrecadação do CFEM. Houve aumento  da oferta de empregos, e a gente vive uma situação de pleno emprego aqui na cidade. Especialmente no setor de mineração e no da construção civil”, disse o prefeito de Conceição do Mato Dentro e presidente da Associação  dos  Municípios  Mineradores de Minas Gerais (AMIG), Zé Fernando (MDB).

A cidade, que vive da mineração e também do turismo, tem cerca de 17 mil pessoas. A variação de empregos foi de 13,7% nos últimos 12 meses.

A  alta  do  dólar  também  explica  o bom  momento  do minério de  ferro  e o consequente crescimento na arrecadação dos municípios mineradores. No início de maio, a moeda americana  fechou cotado a R$ 5,36.

“Nós tivemos um aumento de 90% no CFEM em 2020, em relação a 2019”, disse o prefeito de Itabirito.

 

E em 2021, o aumento continuou. Segundo a AMIG, a  CFEM  de  Minas  Gerais  acumulou R$ 392,1 milhões, no 1º trimestre de 2020. No mesmo período deste ano, houve um salto para R$ 881,3 milhões.

Com os dias contados

A dependência das cidades mineradoras em relação à CFEM é alta. Muitas não têm atividades que  possam competir com a mineração em  relação ao retorno financeiro. Mesmo sendo  um  recurso finito, poucos municípios têm se preparado para isso.

Itabira, primeira cidade explorada pela Vale (maior produtora de minério de ferro do mundo), criada em 1942, já vive contagem regressiva para o fim da exploração. A expectativa é que a exaustão mineral aconteça em 2031.

“Nossa  expectativa  é  usar  o  recurso do CFEM para nos prepararmos. A ideia é investir em outros setores, capazes de sustentar a cidade, vista a dependência que Itabira tem do minério de ferro”, disse o prefeito Marco Antônio Lage (PSB).

 

Com o boom do preço da commodity, a variação de postos de trabalho dos últimos 12 meses foi de 12,51%. A arrecadação da CFEM pode ser recorde.

 

“A projeção deste ano é quase o dobro do ano passado. Nesse ritmo, 2021 vai ser o melhor ano da história”, falou o prefeito.

 

A  cidade  arrecadou  mais  de R$ 41 milhões nos primeiros  três meses de 2020. Em 2021,  até agora,  a CFEM  foi  para  69,2 milhões. Com este capital, o  município  pretende  investir em outras atividades. Transformar Itabira em cidade turística, polo universitário da região, centro hospitalar e até referência na produção de bananas são algumas das opções.

“O desafio é desenvolver uma política de construção de uma cidade sustentável. O minério de ferro é finito. Isto é um fato. Ele vai acabar”, disse o prefeito.