Fonte: Cotação Minérios  |   Por: Carolina Benites

Data: 01/12/2020 (leia na íntegra)

O minério de ferro extraído terá baixo teor (média de 20%), mas será processado para obter um produto premium com teor de 66,5%. Com essa abordagem de concentração, a Sul Americana de Metais (SAM) promete quebrar paradigma na mineração no complexo que vai erguer no norte de Minas Gerais, na região de Grão Mongol — uma das mais subdesenvolvidas no estado — com previsão de entrar em operação em 2025.

O investimento total no projeto é de US$ 2,1 bilhões, sendo US$ 74 milhões já aplicados em pesquisas geológicas. A capacidade de produção nominal do empreendimento é de 27,5 milhões t de pellet feed.

A SAM pertenceu a Votorantim, que a criou dentro de sua área de novos negócios em 2006. Em 2010, ganhou parceira chinesa, que adquiriu a totalidade da empresa em 2016.

A companhia chinesa é a Honbridge Holdings, de Hong Kong. A Honbridge tem alguns sócios sólidos, como os proprietários da Geely, montadora chinesa atual proprietária da unidade de automóveis da Volvo, e o Shagang Group, um dos maiores produtores de aço da China. O projeto da SAM no norte de Minas Gerais envolve quatro municípios: Grão Mongol, Padre Carvalho, Fruta de Leite e Josenópolis. O complexo mineral ficará instalado nos dois primeiros municípios; nos dois últimos, será construída uma barragem de água para abastecer o empreendimento.

Gizelle Andrade, diretora de Relacionamento e Meio Ambiente da SAM, conta que a região tem os mais baixos IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) do Estado. Por isso, o projeto é extenso também na assistência às localidades de influência e deve propiciar transformação econômica e social na região, com provável melhora do IDH.

Bloco 8

O projeto tem o nome de Bloco 8, que é a área mineral onde será feita a exploração inicial. “Mas existem outros blocos minerários a serem pesquisados na localidade”, diz Gizelle. O projeto está em processo de obtenção das licenças, e a previsão é para final 2022 o começo efetivo de sua instalação.

Só a implantação deve gerar 6.200 empregos diretos, segundo cálculos da SAM. A operação deve empregar 1.100 trabalhadores. A diretora explica que para uma região sem tradição de grandes empreendimentos, um extenso programa de capacitação terá que ser desenvolvido tanto para mão de obra como de fornecedores locais.

Barragem de água

A barragem de água do rio Vacaria em Fruta de Leite e Josenópolis destinado a abastecer o empreendimento, também será usado para atender as comunidades locais e fortalecer a agricultura familiar na região. Gizelle conta que a barragem de água é importante por que se trata de um empreendimento que tem processo de beneficiamento de minério de baixo teor, exigindo contínuo consumo de água. Além disso, está numa região árida, com período de chuva curto, e aí tornou-se necessário encontrar uma solução desse porte.

Segundo ela, já havia uma barragem prevista no mesmo local, de um projeto do governo federal, de meados do século passado, que a SAM reativou. Serão necessários dois ciclos de chuva para encher a barragem.

Uma adutora de 24 km transportará a água da barragem ao com- plexo industrial. Durante a operação, 95% da água utilizada no empreendimento será recirculada e reaproveitada, informa a SAM.

Uma outra barragem, abastecida pelo Córrego do Vale, deverá ser construída dentro do complexo minerário para atender especificamente uma comunidade próxima, a Vale das Cancelas. Gizelle diz que tem previsão de desenvolver um projeto de irrigação de agricultura familiar a partir dessa barragem.

Uma linha de transmissão também será construída para abastecer de energia o complexo. Ela terá 17 km e partirá da UHE Irapé, da Cemig, no rio Jequitinhonha. O fato do minério local ser mais friável, favorece o consumo menor de energia. Mas a SAM tem meta, a partir do quinto ano de operação, ter autoprodução de 100% de energia a partir de fontes renováveis.

Os recursos do bloco 8, onde inicialmente será desenvolvimento o projeto, é de 2,6 bilhões t de minério. De acordo com pesquisas efetuadas em outras áreas, a previsão é de pelo menos 130 anos de produção. No local, há minério aflorado e áreas que exigirão remoção de estéril.

A região é rica em minério de ferro, mas de baixo teor. Um extenso esforço pela equipe da SAM foi feito para desenvolver processos capazes de transformar em pellet feed de alta qualidade. A flotação usará aditivo à base de milho e mandioca — insumos que deverão ser estimulados para serem plantados na região.